quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Polinésia Francesa, Huahine - Bora Bora


Logo estávamos em Huahine, dizem que antigamente lá era uma ilha habitada apenas por mulheres e Raiatea, que fica bem a frente era habitada pelos guerreiros maori... Huahine siginifica o sexo da mulher, é uma ilha que exala suavidade, beleza, é muito linda, outro clima, pedalamos por toda a ilha numa bike dupla, muito divertido, muito lindo, vários trechos sem casas, apenas vegetação, muitas flores, passamos uma noite numa pousada massa, bem na areia da praia,  conhecemos um paipai incrível, faz a imaginação ir longe, recriar tudo o que já se passou naquele lugar, uma vista linda, tudo muito lindo, participamos da festa da Bastilha lá, é os polinésios acabaram incorporando essa festa, mas comemoram de forma bem particular com muita música e dança polinésia... teve também o eclipse, é sempre mágico né, procurei me conctar com a força do universo, sentir toda sua engrenagem, sua música... passada uma semana seguimos pra Bora Bora, apenas 10horas de velejada, super tranquilo, bonita demais a entrada, muitos motus, bangalôs para todos os lados...
Em Bora fomos direto pro Yatch Club, reencontramos várias pessoas de novo, a rota dos barcos acabam sendo mais ou menos a mesma... fomos atrás de Pasteur, o treinador da equipe feminina de va'a, facilmente encontramos sua casa, família muito gente boa, conversamos e combinamos de participar do treino, logo no primeiro dia de treino remei mais de 8km, sinistro, numa v6, maior energia, muito bonito, porque o mar de Bora é realmente incrível, sem nenhum exagero o lugar é muito lindo!!! Fiz duas massagens no Yatch Club, maravilha porque é uma forma de fazer o $$ entrar, tornar a viagem mais sustentável, além de eu me sentir muito bem em cada massagem que dou.. eu e Jeff também fizemos massagem em duas das filhas de Pasteur, estavam sentindo dores, pegaram muito pesado no treino, e foi também uma forma de retribuir a eles, jantamos em sua casa, depois Pasteur me deu um colar belíssimo, que ele mesmo fez, todo cheio de conchas, muito lindo, e Jeff ganhou um remo, ficamos muito felizes com nossos presentes..
Também ancoramos no cais bem no centro da cidade, não foi muito agradável, porque era bem movimentado e o mar balançava muito com cada barco que passava, mas paramos ali apenas pra abastecer de água o barco, conhecemos uns russos, pegamos a bike emprestada e demos a volta na ilha, delícia!!!
Depois fomos ancorar do outro lado, onde tem a praia, o melhor lugar que já ancoramos em toda a viagem, muita vibe acordar no meio de mar azul daquele jeito, quanta felicidade.. lá mergulhamos, que emoção, um mega jardim colorido no fundo do mar, quanta beleza e seres diferentes, fiquei sem ar de tanta beleza, e também porque fiquei sem ar mesmo.... foi massa, vários pôr-do-sol lindíssimos, e o vento continuava tocando sua música, desde Huahine...
No dia de meu aniversário, logo pela manhã passamos na canoa tradicional que ancorou próximo, que presente, conhecemos dois polinésios super queridos, muita conversa, várias lições, estão indo pra Xangai, acho que é a embarcação mais roots que já vi, toda de madeira e bamboo, com design tradicional, tem porco, galo e galinha, e muitas frutas e raízes.. o galo é o despertador, a galinha é pra botar ovo, garantir a proteina, e o porco é para jogarem no mar quando não souberem exatamente pra que lado esta a terra, estão velejando sem instrumentos, como faziam seus antepassados, estão indo pra Xangai, em busca de conhecer um povo lá que fala a mesma língua que eles, estão em busca de suas raízes, querem explicar a história das migrações... ganhei várias frutas e raízes, e John e Enoha garantiram que o presente não eram as frutas, a comida, o presente era divino, era o amor de Deus, o simples ato de dar, maravilha!!! Jeff deu um livro que encontramos em Taiohae sobre construção de embarcações das ilhas Austrais, Enoha ficou muito muito feliz, porque ele é das Austrais, e tem um projeto de fazer construir ele mesmo a sua canoa tradicional, sem cabos, a amarração toda de fibra de côco, e disse que quer a gente pra tripulação, mas esse projeto aí é pra lá de 2014, mesmo assim trocamos nossos contatos...
A tarde fomos de novo para o cais do centro da cidade, lá fomos num restaurante ter um jantar de comemoração de meu aniversário, no paraísooo!!! Maravilha, muito feliz!!
No dia seguinte seguimos viagem pra Rarotonga, Cook Island, ainda Polinésia, mas não mais francesa...

Polinésia Francesa, Tahiti - Moorea


Felicidade ao avistar as montanhas do Tahiti, passamos por Papeete e fomos para a Marina Taina em Punaaia, lá ancoramos, incrível a visibilidade da água, muito lindo o passe, adentrar para as barreiras de corais...

Nos primeiros dias ficamos na função de encontrar um lugar pra ficar, limpar o catamarã, dar saida da crew list, essa parte deu um certo trabalho, os policiais da imigração não foram muito educados, quiseram criar caso por nada, mais tarde ficamos sabendo que eles não curtem muito os franceses, e como fomos até lá com o capitão francês, até certo ponto é compreensível porque foram colônia francesa por muito tempo, e ainda é considerado território da França, posibilitando a entrada e permanência de franceses no país, e sim tem muitos franceses que vem viver por aqui, trabalhar, tornando o mercado de trabalho mais competitivo, na visão dos tahitianos os franceses "roubam"seus empregos, além de acharem que eles se acham os donos daqui, enfim, o que nos explicaram é que os policiais não são muito simpatizantes dos franceses e principalmente quando não se preocupam em cumprimentar na língua local, ao invés de falar Iaorana, ficam falando Bon jour pra lá e pra cá....
Conhecemos muitos franceses em Nuku Hiva e no Tahiti, todos muito gente boa, mas era surpreendente perceber que a maioria tinha a visão de colonizador, muitos realmente acreditam que a polinésia não seria nada se os franceses não estivessem lá, investindo em educação, saúde, subsidiando, aquela velha visão eurocêntrica e equivocada de desenvolvimento... A maior riqueza da polinésia é sua cultura, mesmo com missionários, imigrantes europeus e toda forma de colonizar, os polinésios não deixaram de reconhecer o valor de seus conhecimentos, suas práticas, mesmo que muito tenha se transformado, o jeito desse povo viver é muito bonito... mas sim aqui também tem seus problemas, não que tenha visto, mas muitos falam que o problema por aqui é com a bebida, que os tahitianos gostam muito, mas não vi nada demais por aqui, e provavelmente essa foi uma das estratégias usada pelo colonizador, introduzir o álcool pra esse povo, para enfraquecê-los... a história sempre se repete...
Reencontramos várias pessoas por aqui, inclusive o André, que também era tripulante do Fraternidade, foi massa!! Logo no primeiro dia conhecemos vários brasileiros que tinham acabado de chegar, estavam indo pra Teohupoo surfar, acho que todos eram profissionais, foi massa passar na rua e os escutar falar português..
Como não encontramos um novo barco logo que chegamos, ligamos pra Domi, uma amiga francesa que conhecemos em Nuku Hiva, e ficamos hospedados em sua casa, foi bem legal a temporada por lá, recarregar as energias, ter um banheiro, água quente, não ficar neurótica de estar gastando muita água, ter acesso a internet, pequenos "luxos"que vivendo a bordo fica um pouco restrito...rsrsrs      
Tahiti foi realmente muito bom, bons encontros e reencontros, fomos na Heiva, que encanto essas mulheres dançando, fiz uma aula, delícia, fomos em Teahupoo, lá assistimos o primeiro jogo do Brasil na Copa, junto com o brazooca, Jeff surfou uma onda lá, vacou outra, passamos um domingo em Pointe Venus, que vida tranquilaaa... encontramos um barco pra participar da regata "Tahiti-Moorea Sailing Rendez-vous", fomos com um casal de canadenses no "Magenta", muito massa, fortes emoções, fortes ventos, grandes ondas, mas chegamos.
Em Moorea, várias festas do encontro, várias festinhas no Infinity, mega veleiro de ferrocimento (120 pés), muito doido, 16 tripulantes, noite no Boubbles, massa demais reencontrar Alex, depois continuamos em Moorea, fomos até Haapiti Surf Lodge, conhecemos Petero, o dono, e passamos 10 dias lá, que delícia, chalezinho de frente pro lagoon, todos os tons de azul imagináveis, de frente pro pico do surf, andava de caiaque, ficava no passe fotografando a galera surfar, muito gostoso, subimos o "3 cocotier" visual lindo de Moorea, ficamos peladões lá em cima, pedalamos na chuva, fizemos uma tatoo tradicional, sem máquina, com dente de porco do mato, fiz várias massagens na mulher de Petero e em sua mãe, vários jantares com eles, conhecemos uns havaianos massa, desenhei, sonhei e sonhei... a vida estava muito boa mas tínhamos que voltar pro Tahiti, buscar um barco pra seguir viagem, afinal faltava menos de um mês pro nosso visto acabar, ainda em Moorea nosso telefone tocou era Lisa, falando de um barco que precisava de tripulante, mas o barco já estava de saida no dia seguinte, nem nos empolgamos...
De volta no Tahiti fomos até a Marina Taina e ligamos pro capitão que Lisa tinha falado, de repente ele poderia estar ainda por ali, e estava, então conhecemos Ted, um inglês de 67 anos, bem simpático, na primeira conversa não acertamos nada porque ele queria uma tripulação para dividir todos os custos do barco, não era o que queríamos, decidimos ficar por mais tempo e procurar outro barco, depois ficamos sabendo que ele acabou não saindo, Lisa resolveu pegar um avião e mais uma vez conversamos e então combinamos de fazer parte da tripulação do Honalee, dividindo apenas alimentação, os outros gastos, é responsabilidade do capitão (taxas de portos, marinas, diesel, manutenção, água etc.). Antes de embarcar no Honalee, fizemos nossa despedida do Tahiti e comemoramos o aniversário de Jeff, na casa de Gabriel, um carioca que vive no Tahiti há oito anos, muito massa, super coração, foi bem divertida a festinha, pocker e muita risada...
nos despedimos de Domi e a galera da casa e embarcamos no Honalee, maravilha, bem gostoso o veleiro, modelo suíço, scanmar, 40 pés, duas cabines e dois banheiros, apenas eu, Jeff e Ted!! Fizemos as compras e no dia seguinte voltamos pro mar. Rumo a Huahine, menos de 24h de velejada, mesmo assim, tinha um único turno de 2h-5h da manhã e passei o turno inteiro vomitando, terrível, ainda bem que estava tudo tranquilo, vento a favor, constante, vela regulada, não tive que fazer nenhuma manobra...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Chegada na Polinésia Francesa, Nuku Hiva


Após três meses bem vividos na Polinésia Francesa, tivemos de deixá-la, nosso visto expirou, lamentei, mas ao mesmo tempo foi uma forma de nos impulsionar a seguir viagem, senão certamente íamos ficando e ficando...
No dia 21 de abril de 2010 ancoramos em Nuku Hiva, arquipélago das Marquesas, depois de 22 dias direto no mar sem avistar terra, 3065 milhas navegadas no Pacífico, pisamos em terra!

“O céu está sorrindo novamente, um excesso de ar paira sobre tudo. Essa estranha e longínqua terra me pertence de novo, o estrangeiro tornou-se nativo. Debaixo da árvore que fica além do lago será hoje o meu lugar.” (Hermann Hesse)

E logo que chegamos, a decisão de desembarcar do Fraternidade foi mantida, depois de 95 dias, 7728 milhas náuticas  a bordo dessa grande barca, chegou a hora de abandoná-la, não faço muito o tipo de quem abandona o barco não, mas esse foi inevitável, já tinha aprendido as maiores lições que poderia ter ali, não, e não foram os aprendizados náuticos os mais importantes, foram os diferentes aspectos da natureza humana, a arte de conviver, a reafirmação de meus valores, o que não quero ser quando crescer e sobretudo a importância de cultivar o amor no coração, dessa forma é possível se relacionar bem com todas as facetas humanas, mais a maior lição que todos precisavam ter mesmo é conhecer o sentimento de fraternidade, aprender a ser mais fraterno, a ter compaixão com o próximo, fazer o bem sem olhar a quem. É, posso dizer que cheguei mais forte em Nuku Hiva.

Passei a primeira semana na casa de uma típica família polinésia, quanta abundância, abundância de sorrisos, cores e flores, frutas e odores, pura alegria, férias para o espírito depois de tanta (o)pressão vivida. Foi um bom momento para colocar as idéias no lugar, fazer alguns planos sempre com a possibilidade de desfazê-los, habituar os ouvidos com o francês e marquesiano, se conectar com a fluidez da vida e simplesmente vivê-la. Na seqüência tudo foi fluindo, conhecemos pessoas lindas, vários cruzeiristas e pessoas locais, ficamos hospedados num catamarã com capitão francês, velejamos pela ilha com outros barcos. Conhecemos Hakaui, lugar forte, para raros, para poucos, esse tesouro está guardado, que os guerreiros ancestrais continuem o guardando, com suas imponentes rochas... intensas vivências nessa terra.
Aprendi a fazer colar de flores, coroa e óleo, que delícia, um pouco da alquimia das mulheres marquesianas, utilizei nove plantas, sou incapaz de dizer o nome de todas as plantas, na hora só estava ocupada em vivenciar aquele momento a idéia de pegar o caderninho anotar tudo, perguntar tudo, investigar foi deixada de lado, num lindo dia de Sol fui buscar as plantas no quintal de mami Oscarina, gardênia, tiaré, jasmim, yang yang, côco, hortelã e outras fizeram parte da poção, muito legal o trabalho de ir colher as plantas, tirar o leite de côco, misturá-las com a mão, colocar no Sol, tirar do sereno, colocar no Sol, tirar do sereno, colocar de novo no Sol e depois tirar do sereno, e finalmente o paku, óleo bastante apreciado e utilizado por aqui. Aprendi também a retirar fibra de côco, fazer colar de sementes e compartilhar tudo de bom que eu tivesse pra oferecer, saber dar, saber receber e saber retribuir, nas marquesas recebi muito.
Vivi dias memoráveis, conhecemos vários paipais, sítios arqueológicos com vestígios de estruturas de casas construidas de pedras pelos antepassados desse povo, rodeados de vegetação específica, grandes árvores, densas, com folhagem verde musgos que mais pareciam as famílias que ali viveram, como se os espíritos tivessem se encantado em árvores, muita fruta pão e mamão ao redor, e tapetes de flores, tive aulas de surf, conheci pessoas lindas com histórias de vida incríveis, grandes conexões, grandes exemplos.
Os polinésios nos olham no fundo dos olhos, não é preciso saber falar francês e nem sua língua nativa, leêm nossos olhos, quando você pensa que precisa de alguma coisa, já chega alguém pra te dar o que precisa, muita vibe...

Depois de cinco semanas nas marquesas, já nativos, todos nos conheciam e sabiam que éramos brasileiros, participamos de muitos jantares e festas, me senti acolhida pelo povo de Nuku Hiva, mas chegou a hora de partir. Seguimos viagem no Margot, participamos do delivery desse catamarã até o Tahiti, mais pela experiência, o capitão tinha mais de 50 anos de vida no mar, durou uma semana, não paramos nas Tuamotus, o que nos obriga a voltar pra Polinésia para conhecer esse arquipélago... a viagem foi bem tranquila, velejar com os alísios não traz muitas surpresas.

domingo, 13 de junho de 2010

retomando

depois de mais de dois meses sem postar fica difícil atualizar tudo,  mas vou tentar... não foi de propósito, mas só agora consegui uma internet que realmente funciona... por um lado foi bom, pois estive em lugares bastante especiais, nada de babilônia, ilhas bem pacíficas, aproveitando cada momento... agora também estou em um lugar especial, Tahiti, flutuando por aqui, no momento em Papeete, é uma cidade grande em comparação com as que existem aqui na Polinésia, e sim consegui essa conexão, mas nem sempre a internet aqui é assim...
aproveitei para anexar os vídeos produzidos por Paulo Alcântara dos lugares que passei enquanto estava embarcada no Fraternidade, é bom que leram os relatos e agora vão poder visualizá-los... mas ainda falta os vídeos de Galápagos, paraíso, todos merecem ir!! Depois da travessia de Galápagos até Nuku Hiva (faz parte do arquipélago das Marquesas), primeira ilha da Polinésia de quem está vindo no sentido leste-oeste, desembarquei do Fraternidade, abrir os caminhos para novas aventuras, vivências, mas essa história conto depois... até chegar aqui no Tahiti!!

Diario de Bordo_Taboga

Diario de Bordo_Isla Taboga

Diario de Bordo_Canal do Panamá

Diario de Bordo_episodio 10

Diario de Bordo_Colón (Panamá)

Diario de Bordo_Travessia Grenada Panamá

Diario de Bordo_Grenada

segunda-feira, 29 de março de 2010

A caminho de Galápagos

Os dois primeiros dias no mar foram duros, muiiiiito calor e calmaria, me deu uma moleza, vontade de só ficar deitada.. no terceiro dia os céus mandou água, que diversão foi a chuva, todos sairam para tomar banho, virou festa, estávamos completando dois meses de viagem, iemanjá também mandou seu presente, nos deu um dourado lindo e delicioso... mas o vento ainda não tinha chegado, fazíamos várias manobras, regulagem de vela para tentar aproveitar o máximo, numa dessas acabei machucando o braço, quando estávamos colocando a geniker, estava segurando a vela e controlando seu desenrolar para não cair n'água, quando acabei ficando com o braço imprensado entre o cabo de aço do guarda mancebo e a vela esmagando meu braço, minha pressão baixou na hora, mas por bem não quebrei nada, foi apenas uma luxação, o braço inchou e ficou roxo, mesmo com dor conseguia movimentá-lo.... Estava mesmo difícil um bom vento nesse trecho, motoramos bastante,  e também recorremos a geniker em vários momentos, vento rondando, sem uma direção constante... Aleixo resolveu seguir para o Sul e aproveitar a corrente de Rumbold, foi bom que o vento também começou a se fazer presente, aumentou a velocidade para 19 nós... mas não durou por muito tempo. Deu para sentir o frio trazido pela corrente, alguns dias nublados, e a chuva se fazendo presente quase todos os dias, uma maravilha!! Foram apenas oito dias de travessia, mas bem movimentados, fizemos estudo de francês, estamos nos preparando para a French Polinesia, alongamento, quando me animava puxava uns pesinhos... leitura, leitura, estudei fotografia, ainda não tinha me dedicado de verdade a aprender a mexer na câmera, li "Um herói do nosso tempo" de Liermontov, fiquei apaixonada, literatura russa, aborda aspectos psicológicos do ser humano,  o herói é um verdadeiro anti-herói se coloca de forma crua, sem vaidades, expõe seu ridículo e o da sociedade... muito bom, quero até o fim dessa viagem ler Guerra e Paz, comecei a ler "O doutor Jivaro"...
Começamos a mirar Isla San Cristóbal com o nascer do Sol!!



Ciudad de Panamá

Passados quatro dias em Taboga, Aleixo resolveu ancorar na Ciudad de Panamá, lá estávamos muito isolados, não dava para agilizar abastecimento de água, diesel, fedex, internet, mercado etc. Com as informações que o sul-africano deu Aleixo resolveu ficar ancorado na Playita de Amador, uma marina livre. Muito bem situado o lugar, não andei muito pela Ciudad do Panamá, minha vida ali se resumiu ao shopping (para usar internet), e a orla da marina para correr, a tripulação do Fraternidade estava no gás para se exercitar, é um lugar muito agradável, a orla dá num parque todo arborizado, uma delícia para correr... curtimos também uma baladinha panamenha, foi massa, muito animada!!! Depois de compras, roupa lavada, barco abastecido, programas enviados, recebimento do alternador etc. partimos rumo a Galápagos!!!

domingo, 28 de março de 2010

Isla Taboga

Depois do susto da corrente arrastada e o encantamento de fundear do outro lado da ilha, seguimos na missão de descobrir um caminho até a vila, ir pelo mar com o bote era um pouco perigoso, saindo da parte abrigada tinha fortes ventos e ondas... resolvemos encarar a encosta a nossa frente, uma mistura de costão rochoso, com montanha argilosa, ficamos do barco com o binóculo tentando encontrar o melhor caminho para subir, sem as rochas íngremes e vegetação muito fechada, observamos que tinha uma estrada que chegava numa espécie de lixão, parece que é onde destinam o lixo da ilha e ateam fogo. Resolvemos subir por ali já que dava acesso a estrada, fui eu e mais três fazer esse reconhecimento, foi uma subida média, tiveram três passagens mais difícies, que tinha que se agarrar nas fendas da rocha, e depois muito mato seco, lixos pela encosta, mas chegamos de boa, depois de 1h de escalada, logo chegamos na estrada e em 20 min já estávamos na vila. Um charme essa ilha, as casas coloridinhas, quintais floridos, a vista pro mar maravilhosa, uma delícia... passamos o dia na vila, foi bem divertido, conhecemos alguns americanos, tomamos conta de um restaurante/ bar, até aula de dança fizemos por lá... caminhamos por outra montanha buscando um novo caminho até o barco mas não deu certo, víamos o barco mas não tinha como descer, mas valeu pela vista, linda... chegamos junto com o pôr-do-sol!! Espetáculo, mais um banho no pacífico, e moqueca de budião, os meninos que ficaram no barco pescaram!!! No dia seguinte Aleixo resolveu que também subiria a costa, queria ir até a cidade, armamos uma missão, Jeff que tem experiência em escalada, levou corda, deu instruções e todo suporte, subimos por outro caminho, foi mais rápido, porém ainda mais íngreme, mas com a corda deu tudo certo, Aleixo ficou todo satisfeito, cheio de disposição, foi massa!! Na vila conhecemos um cigano sul africano dono de uma veleria, nos deu várias informações, ele vive há apenas uns meses ali em Taboga e já pensa em partir, mas conhece um tanto de história dessa terra, foi um lugar estratégico durante o processo de colonização, tem a segunda igreja mais antiga da América, construída pelos espanhóis... tinha um porto bem movimentado, era como a segunda capital do Panamá. Hoje é uma vila tranquila, destino turístico de norte americanos... muito bonita, água cristalina.. Os dias aqui se resumiram em escalar até a vila, andar de caiaque, nadar no Pacífico, comer ostra e peixes frescos, admirar o pôr-do-sol e as estrelas, e jogo de buraco nas noites... foi uma delícia, tranquilidade entre os tripulantes do Fraternidade e a natureza!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Chegada no Pacífico

Após a travessia do canal (+- 40 milhas) passamos por debaixo da "Ponte das Américas" e já estávamos no Pacífico, a Ciudad de Panamá era logo adiante, mas recebemos a notícia de que a marina estava lotada e Aleixo resolveu seguir para Taboga uma ilha quase em frente, umas 10 milhas de distância. Chegamos fundeamos e Aleixo foi em terra com alguns fazer o reconhecimento do lugar, saber o que tinha disponível, quando voltou percebeu que a âncora estava sendo arrastada e já estávamos emcima de um atuneiro, foi aquele alvoroço liga a máquina, levanta âncora... correria.. Aleixo pensou até em seguir direto pra Galápagos, já que ali em Taboga a tarde tem fortes ventos que arrastam os barcos, não tinha um lugar muito seguro para fundearmos, mas ainda tínhamos coisas para resolver na derradeira cidade grande até a travessia do pacífico, vamos ficar pelo menos uns 90 dias até uma cidade com grande estrutura, precisávamos encher o tanque com água doce, diesel, comprar provisões etc.. Mas depois de passado o susto resolveu se abrigar atrás da ilha, e foi o melhor lugar em que fundeamos até agora, era só a gente e a natureza, Taboga é uma ilha pequena, com apenas uma vila, do outro lado tem apenas vegetação e costão rochoso, depois que jogamos âncora fui tomar o banho de batismo no Pacífico, maravilhoso, depois de velejar pela costa brasileira, Mar do Caribe, chegar no Pacífico, muita emoção, tive a sensação que agora a viagem esta começando pra valer!!! Assistimos a um lindo pôr-do-sol, e a refeição de comemoração foi lagosta!!!

Canal do Panamá


A estadia em Colón foi apenas para aguardar a travessia do Canal, durou sete dias, depois de toda a burocracia resolvida no dia 03/ 03 iniciamos a travessia, já no fim da tarde o prático embarcou no Fraternidade para nos guiar, e no rastro de um grande navio cargueiro adentramos o canal, tinha também outros 2 veleiros no rastro do navio, entramos na primeira eclusa e o nível da água começou a subir e então seguimos até a próxima eclusa, espera-se o nível da água subir e segue, passamos por três eclusas até o Gatun Lake, chegamos já à noite, foi um pouco tensa a travessia pois o prático estava um tanto impaciente, mas na realidade é tudo bem simples, mas é necessário atenção, enquanto o nível d’água de cada eclusa subia tínhamos que atracar próximo do paredão, a única manobra que tinha, para isso era necessário duas pessoas na proa e dois na popa para lançar o cabo ao funcionário do canal que ficava emcima do paredão, e depois pegar o cabo de volta, os meninos ficaram nessa função, eu fiquei auxiliando Paulo no registro, enquanto ele filmava tudo, eu fotografava. Passamos a noite no Gatun Lake atracados numa bóia gigante, a contra bordo de um outro veleiro, de canadenses, todos bem simpáticos tinha também uma equatoriana junto, muito animada, conversamos um pouco e logo fui dormir, pois amanhã cedo a travessia continua. Um outro prático embarcou para seguir o canal, antes de chegarmos nas outras eclusas. Atravessamos o lago, muito me lembrou o Amazonas, ouvi um som de macaco que parecia os guariba, muito provável que seja, a mata é muito bonita, o mais impressionante era a quantidade de paud’arco, todos floridos, coisa linda!! Mas logo chegamos nas eclusas o que quebrou todo o encanto, uma grande obra americana recortando a terra, é mesmo de impressionar o que o homem é capaz, tudo pelo progresso… já faz tempo que os americanos passaram a administração do canal para o Panamá, mas as consequências restam até hoje, é um lugar muito desigual, um país onde corre muito dinheiro mas o povo vive na miséria, Colón retrata bem isso, a zona livre com as maiores marcas do mundo e do lado de fora ruas que parecem aquelas bibocas, aspecto de sujo, fios velhos dependurados, um clima de terror causado pelo tráfico, todos nos alertavam para ter cuidado ao andar nas ruas.. mesmo assim me senti bem, não vi nada que me causasse tensão, gostei do povo, achei alegre, tem uma malandragem e mesmo as ruas com aspecto de sujo, estado precário, tinha um colorido, os ônibus parecem obra de arte, são aqueles bem antigos, coloridões… e também andei pela feira tudo muito colorido… comi muito patacones!!

quarta-feira, 10 de março de 2010

mais

durante a travessia li alguns livros, O Velho e o Mar, quanta humildade, linda demonstração de humildade e determinação. A Expedição de Shackleton, quanta determinação tb, é massa essas leituras não só pra quem esta no mar, não é a toa que grandes velejadores dão palestras para empresários, empreendedores... mas o melhor, que mais me encantou é O Lobo da Estepe, quero ler todos os livros de Herman Hesse, amei, trata do ser humano, aliás o ser humano tem sido meu foco nessa viagem, a começar por mim, os tripulantes do Fraternidade, tem sido mesmo um grande aprendizado a convivência em alto mar... o mar potencializa tudo... e os nativos de onde passar...
em Colón tem os Kuna, povo muito bonito, com vestimenta muito linda e colorida, uma mistura de indianos com andinos, tecidos muito coloridos, com grafismos geométricos, as mulheres com braços e pernas ornadas com acessórios de miçangas e brincos de ouro nas orelhas e nariz, como as indianas, muitas usam cabelos curtos, são lindas.. mas não conheci muito, saí bem pouco em Colón, aproveitei para me dedicar a um trabalho inacabado que preciso enviar pro Brasil. Ficamos oito dias em Colón, esperando o momento de atravessar o canal, o tráfego de barcos é intenso, navios do mundo inteiro, mesmo fundeados no porto, fizemos amigos nos veleiros vizinhos, teve até uma festinha a bordo, os americanos levaram violão e violino, Paulo tocou gaita e pandeiro, eu improvisei um chocalho de arroz... foi massa..
Em Colón é onde fica a Zona Livre, um perigo para os consumistas, pois é de espantar os preços, tudo muito barato, dá vontade de comprar até o que não precisa, eu comprei apenas um tênis para corrida, vim viajar sem nenhum sapato fechado, apenas um chinelo e sandália para caminhada, acho que o tênis foi boa aquisição, um nike por 30,00U$...
galera ainda não consegui atualizar até o presente, estou na cidade do Panamá, ainda falta contar da travessia das eclusas no canal, da ilha Taboga, e dessa city, nos próximos dias volto por aqui, agora tenho que voltar pro Fraternidade...
Até mais!!!

Até o Presente

Já faz quase dois meses que zarpamos de Salvador e muita água já rolou... éramos 12 tripulantes, agora somos sete, já deixamos o Atlântico, mar do Caribe e hoje estamos no Pacífico. De Grenada cruzamos o mar do Caribe até Cólon, cidade portuária do Panamá, lá aguardamos até atravessar o canal. A travessia durou oito dias, diferente do que foi Natal-Grenada, essa travessia foi bem tranqüila, muito silêncio, contemplação, estudo de si... começamos com bons ventos, no rumo, média de 20 nós.. vento Leste/ Nordeste, depois o vento começou a mudar pra Sueste, e dar jaibe se tornou uma constante, todos os dias mudança de bordo, foi massa pra aprender, o rizo também, todos os dias no final da tarde, as manobras aconteciam sempre nos horários de meu novo turno de 6h-9h e 18h-21h, ótimo horário, o turno era sempre movimentado, e parecia que o dia rendia, já que podia dormir a noite inteira.... mas de repente desligaram o vento, parou, nada de vento nem pra outro rumo, o mar ficou liso como um tapete, levantamos a genikker (o balão assimétrico) e não funcionou ele só ficou batendo, fomos curtindo a calmaria, estava achando ótimo, mas o comandante tinha pressa de chegar no Panamá e resolveu fazer o trecho final no motor. Mas foi massa porque com a calmaria a cavala e o atum morderam a isca, a cavala era tão grande que durou três dias, e o atum nos rendeu boa moqueca... li muito nessa travessia, foi massa. Os astros, sempre os astros, garantiram os espetáculos...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Grenada, Caribe

no momento não estou dando conta de atualizar o blog, vou postando imagens, logo mais escrevo..

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Chegada em Natal

Travessia Salvador - Natal



Passados os dois primeiros dias no mar, o enjôo se foi, no terceiro dia já conseguia ler, cozinhar, já estava levando uma vida normal a bordo. Mas nessa travessia não consegui estabelecer uma rotina a bordo, eram tantas novidades e inquietações.. meu turno da madruga concluía às 3h e eu não conseguia ir dormir, ficava sempre para o alvorecer, presente divino!!! Sempre muito lindo!! Essa travessia durou apenas uma semana, de convívio intenso entre os tripulantes, todos se conhecendo, conhecendo o barco, as regras, se afinando, foi massa!! Iemanjá mandou uma cavala de presente logo no segundo dia de mar, teve ceviche, sashimi e grelhado, peixe fresquíssimo... os golfinhos vieram quase todos os dias... as estrelas sempre se fazendo presentes, teve uma madrugada de estudo das constelações, usamos um programa fantástico, chamado Stellarium, dá pra brincar um bocado... Foi só alegria essa travessia!!!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Zarpe

Já são mais de 2500 milhas percorridas desde que sai de salvador no dia 16 de janeiro, ainda não completou um mês, mas sinto como se tivesse passado pelo menos uns seis meses.... aqui tudo é vivido com muita intensidade.. vou tentar seguir uma ordem cronológica para atualizá-los.
Saimos de Salvador com banda de música tocando. Antes de irmos até a capitania onde o Fraternidade foi recebido pela marinha, e Aleixo recebeu abraços da família, amigos e simpatizantes do projeto, ainda na Bahia Marina, o barco foi invadido por equipes de reportagens, querendo saber um pouco da expectativa dos tripulantes para a viagem, depois de todo alvoroço fomos rumo a capitania, e lá estava um bocado de gente querendo se despedir e a banda da marinha tocando, muito bonita a cena. Tentei perceber o que estava sentindo, mas era tanta adrenalina, tanta novidade, tantos estímulos que me pareceu ter causado um efeito contrário, como se estivesse num estágio meditativo em que simplismente não estivesse sentindo "nada", mente vazia... é assim que comecei essa viagem, criando espaço em meu interior para o novo, novas vivências e aprendizagens!!!
Às 10:30 nos lançamos de vez ao mar, nos distanciando cada vez mais da costa, alguns barcos acompanharam por algum tempo. Passada toda a euforia da despedida, restou a quietude, a tripulação e o mar! A primeira medida foi estabelecer os turnos, o meu ficou de 12h-15h e 0h-3h, ou seja já comecei trabalhando, não foi muito fácil, no início fui conhecer os instrumentos, entender as manobras necessárias para aquele momento o que gerou um certa movimentação, quando esta cessou, o enjôo bateu.. sensação de estar mareada, bocejos e bocejos, vontade de deitar, me entranhar no barco e ir no sobe e desce da maré.... afff Mas logo os céus mandou água, que renovação, todos se puseram a banhar na chuva, muita alegria, parecíamos crianças pulando e abrindo a boca aos céus para beber de sua água.. lavamos a alma!! Os golfinhos também apareceram nessa primeiro dia, para nos felicitar!!!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Embarcando

Acordei ansiosa para embarcar no Fraternidade, cheguei ontem em Salvador e fui conhecer o Caio (filhote de Tico e Mari) e por lá fiquei, estava tendo a Festa da Lavagem do Bonfim, impossível chegar na marina ontem... mas hoje pela manhã cheguei, estava acelerada e tive de ir me acalmando porque o ritmo dos baianos é outro, estava quase deixando o taxista avexado...
enfim cheguei e aos poucos foram surgindo os tripulantes, fui conhecendo um a um (até então só conhecia o Belov, o capitão) maravilha, galera gente finíssima!!!
Amanhã às 10h será o zarpe, a noite vai passar uma reportagem no jornal da Record, assistam, filmaram hoje!!!
tó achando tudo uma maravilha, já organizei minhas coisas na cabine e já me sinto em casa, daqui a pouco será FRATERNIDADE pelo mundo!!!
Felizona!!!! Beijão a todos, e grata pelas boas vibrações!!!