domingo, 27 de dezembro de 2009

O Princípio (por que tem de ter um princípio)

Em Salvador, no fim de agosto divagando:
em suspensão
flutuando
setas para várias direções
e o caminho??
Tempo, o Rei
esperando o quê??
Tempo
o Coração
Quem dá a direção?

E assim cheguei ao Fraternidade.. minha casa nos próximos meses, o quintal será o mar, melhor, os mares desse mundo!!

desde antes de cumprir os ritos acadêmicos havia decidido viajar, sair pra andar ver o mundo com os próprios olhos, sentir, tocar, experenciar, compartilhar, viver, amar, procurar, conhecer, encontrar, a si encontrar, porque a viagem é sempre de si a si mesmo... ritos acadêmicos cumpridos agora as amarras serão soltas... mas a viagem começou muito antes, quando adentrei no universo amazônico, mas isso é outa história, ou a mesma, tudo integrado, dentro de meu ser, agora fazendo a conexão da floresta com o mar, dando continuidade à história...

dessa vez ela será compartilhada, transmitida aos queridos e a todos que se interessarem em conhecer um pouco do outro, e/ou dos outros, quero aqui escrever, compartilhar relatos sobre a viagem, as belezas desse mundo e sua gente!

o endereço desse blog, homenagem a Drummond

O Homem; As Viagens
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.